O Dízimo e os Césares

Pentecostais têm projeto político explícito. E agora, publico.  Eles, que já contam com uma bancada poderosa no Congresso Nacional, planejam aumentar em 50% sua representação; mas almejam o “milagre” (palavras do Pastor Feliciano) de um aumento de 100%, “para que possam conter propostas ‘progressistas’ que são contra a família”.

Isso é novo no cenário político. É o fim do “A César, o que é de César”. Para os pentecostais – ou “evangélicos” – o mundo de Deus já não basta: eles querem exercer Poder sobre o mundo dos Homens. Aqui. Agora. No Brasil. Não lhes basta ser pastor de almas: querem conduzir o País.

Os pentecostais tornam-se, com esse plano tornado público e explícito, a voz conservadora mais organizada no espectro político brasileiro atual. Com condições de se tornar uma força política incontornável a partir de 2014, quando um novo Congresso será eleito. Hoje, Dilma já faz concessões largas à chamada Bancada Evangélica. Se bem sucedido o plano urdido sob a liderança do Pastor Feliciano e do Pastor Malafaia, essas concessões já não serão mais pontuais. Estarão no centro do Poder.

E esse é um plano à prova de Reforma Política. O desejado Financiamento Público Exclusivo de Campanha, por si só, não impedirá o abuso de poder econômico por parte desse grupo. Os cultos seguirão podendo ser usados para passar mensagens políticas, ainda que subliminares, e nada impedirá – se não sobrevier impedimento legal com a mesma reforma – que os dízimos sigam nutrindo candidaturas alinhadas com esse projeto de Poder.

Os pentecostais formam, quando unidos, uma organização lastreada em recursos econômicos e financeiros infindáveis. Se tributos devidos a César continuam devidos por pentecostais; o mesmo não ocorre com o dízimo, que é fiel e rigorosamente pago aos homens de Deus.

E é com esse dízimo que os homens de Deus planejam tornar-se Césares.

O Brasil, sem se dar conta, engendra em seu meio político o equivalente tropical de algo como a Irmandade Muçulmana, de momentosa trajetória catastrófica no Egito de hoje.

À falta de mullahs, o discurso conservador com lastro religioso cresce em força política seguindo a palavra dos pastores evangélicos.

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