Se penso antes de falar,
se penso antes de escrever,
se decido não falar,
se concluo que não é prudente escrever,
se o que projeto adiante me aturde,
se o que vejo em volta me desconcerta,
se de manhã não canto no chuveiro,
se ao chegar ao escritório não cubro de sorrisos e carinhos e atenções a todos,
se adio abrir os jornais,
se me perco em conversas angustiadas com almas angustiadas,
se me esqueço de ler,
se me esqueço de escrever,
se me doem as costas e prefiro calar,
é porque não há mais liberdade para nada disso.
E não há mais liberdade para isso.
Não há mais liberdade.
E que isto fique claro
a cada poema sobre formigas
a cada parágrafo sobre futebol,
a cada palavra,
a cada palavra não dita.
caio leonardo
28 de julho de 2019