Mural da História

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Estamos em 1947 pelas lentes da Life. Plínio Salgado, Gaspar Dutra, Harry Truman: o “trio fascista” surge em muros pichados pelos comunistas de Prestes, numa São Paulo que, naquele ano, tinha seu primeiro prefeito negro. Negro e socialista: Paulo Lauro. Mas Socialista com “Ç”, que o dele era o do Partido Social Progressista, nome promissor, mas não comprometido, liderado que era por um certo Adhemar de Barros. Paulo Lauro prefeitou por um ano, nomeado pelo próprio Adhemar.

Em 1938, Paulo Lauro havia ganhado fama por ter conseguido absolver o réu confesso do infame Massacre do Restaurante Chinês, de nome Arias de Oliveira, garçom que fora despedido dias antes dos fatos pelo cruel Ho Fong, proprietário do inglório Órion, na rua Wenceslau Brás. Para Paulo Lauro, alguém que não seu cliente havia distribuído pauladas noturnas noutros dois garçons, em seguida esganado o chinês e, escada acima, sobre a cama do casal, esmagado as vísceras de Akiu Fong, esposa do patrão, que se negara a contar onde estavam o dinheiro e as joias.

Assim foi que Arias deixou de roubar, por não achar o cofre, mas matou. Arias foi primeiramente absolvido, o que elegeu Paulo Lauro, mas depois acabou condenado e preso, o que não impediu que, de prefeito, Lauro chegasse a Deputado Federal. 

Adhemar de Barros tinha seu lado Arias. Cofre por cofre, os públicos padeceram mais em suas mãos, porém o dele próprio tampouco se pode dizer que tenha ficado intacto como o de Ho Fong.

Quanto ao trio, Truman, que fez duo com Dutra em Washington, também era dado a roubos, e matou infinitamente mais orientais do que Arias. Dutra não fez fama com roubos, mas, uma vez morto e pavimentado, passou a matar e muito. Dos três pichados, Plínio, que não levou fama com roubo ou morte, era o único fascista à vera.

A nêmesis de Plínio era Prestes, que tinha estado preso, não por roubar ou matar, mas por conspirar, e era então senador. Na foto se lê: “Sem P.C.B. não há democracia”.  

Prestes foi cassado no ano seguinte… Seus comunistas, que picharam o muro de ’47, perderam o rumo com a queda do Muro de ’89.

Quanto a Plínio, este, discretamente, é mantido vivo pelas mortes e roubos que campeiam em São Paulo, e norteia vitorioso o pensamento majoritário do paulistano até hoje.