Tarde fria de inverno
de tempo fechado,
de garoa mansa,
do marulho surdo, o mar quebrando,
do pé na areia,
do olhar no horizonte,
de sentar no chão com a malha grossa,
a bainha da malha molhada
e cheia de areia.
Tarde fria de inverno,
de sentir o maral no rosto serenado
de balançar o corpo, vaivém de mantra
Da melancolia da visão dos canais ao longe,
José Menino,
Três,
Embaré…
Da prancha que chega à areia sozinha,
o garoto lutando contra o frio
e contra as volutas inquietas do mar
(quer pegá-la de volta, tentar de novo,
até que uma vaca desabe
sobre sua cabeça morena.)
Dos contentores da Maersk,
desfilando solenes e misteriosos na barra;
da bola que passa
com três outros correndo atrás,
aos gritos –
o silêncio rumoroso da queda da tarde,
lenta e ensimesmada,
como olhos que se fecham em resignação.
Como estes meus olhos,
que se fecham em resignação.
Caio Leonardo
Santos é Santos!!
CurtirCurtido por 1 pessoa