Um Conto de Duas Cidadelas

O Brasil é uma mãe estranha que prefere ficar deitada no berço a educar seus filhos que não fogem à luta.

Os filhos briguentos da pátria andam cheios de indignação embora nunca tenham tido alguma dignidade para perder.

O medo de uma gerou várias presidências que agora terçam canetas sacadas de três lados da praça, enquanto no quarto lado o Panteão da República, cansado que só, sentado no banco de concreto, parece picar fumo, frágil matuto com o olhar perdido sobre pedras portuguesas.

Soldados desconhecidos loucos pela fama travam uma guerra cibernética armados de pios e posts, protegidos por cidadelas tecnológicas cercadas de batatas fritas, coca-cola, um eventual cigarro e muitos equívocos.

O IP, azul-amarelo ou vermelho, é o símbolo desses Brasis.

Há brasileiros demais sonhando com castelos brancos; execrando o branco do vestido bordado da menina negra; chutando santas de toda cor; ceifando e martelando cruzes; defendendo o indefensável à destra e à sinistra; são brasileiros que atacam a mão na bola do time de lá e não enxergam o carrinho por trás do time de cá, que lincham moral e civicamente em nome da pátria, da família e da propriedade ou em nome do que quer que surja como o oposto de propriedade, família e patriotadas.

De peito enfunado e olhar raivoso, os filhos de Pindorama estão decididos a tomar de volta o seu lugar no bananal das republiquetas latino-americanas.

Se essa é a língua que entendem, que ouçam este Cantinflas a desancar uns e outros. .

Caio Leonardo

Solitude II

solitude2

Two lips by the tulips,
blow sharps and flats: hat and jacket
paint pink-red the jazz.

caio leonardo

photo: Central Park, NYC, July 13, 2010

haiku:                   Brasília, July 13, 2015

Solitude I

urbanloneliness2010_1

News spread on the bench,
cardigan, cap, re-tired eyes –
Flowers still dazzle the day.

Caio Leonardo

photo: Central Park, NYC, July 13, 2010

haiku: Brasília, July 13, 2015